CAPA
|
SAÚDE DA CRIANÇA
Os números apontam para uma geração acima do peso
No Brasil, o sobrepeso já atinge uma a cada três crianças entre 5 e 9 anos de idade,
e um a cada cinco jovens de 10 a 19 anos. É o que aponta a Pesquisa de
Orçamento Familiar (POF), realizada em 2008 e 2009 pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Para apresentar as principais causas de sobrepeso e
obesidade infantil e maneiras eficientes para lidar com esse problema, o Lab Informe
Notícias realizou um levantamento sobre o tema. Além de dados fornecidos pelo
Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde, confira a visão da
pediatra Andrea Benincá e de Mário César Nascimento, diretor de extensão do
Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID) da Universidade do Estado de
Santa Catarina (UDESC).
Por que nos transformamos em uma população com sobrepeso?
A transição do estilo de vida rural para o urbano, incluindo mudanças de hábitos
comportamentais e alimentares culminou no aumento de peso da população de
modo global.
A “migração” de uma dieta balanceada e rica em nutrientes (hortaliças, frutas e
outros alimentos naturais) para os hábitos de consumo padronizados pelos grandes
centros (frituras, gorduras saturadas, farináceos, óleo, bebidas industrializadas)
somados às muitas horas de entretenimento eletrônico (TV, jogos e computador)
detalham o cenário de uma futura geração de obesos.
Mas a explicação não termina aí. O aumento do poder aquisitivo de uma população
sem acesso a uma boa orientação nutricional faz com que, ao sair da linha da
pobreza, ela passe a ter acesso a alimentos previamente processados (fast food),
mais baratos do que os demais, e esse é outro fator que generaliza o sobrepeso e a
obesidade. Tal característica aponta para uma tendência: a obesidade da população
mais rica, que hoje representa a maior parcela, estagnará e crescerá o sobrepeso da
população mais pobre e menos instruída.
Características genéticas ou patológicas (doenças de origem hormonal) são outras
causas da obesidade, mas as menos prevalentes: referem-se a apenas 1% dos
casos.
O problema pode resultar em uma geração futura de hipertensos, diabéticos, com
riscos de doenças cardiovasculares, com fertilidade reduzida, vários tipos de câncer,
doenças pulmonares, ortopédicas etc.
|
|